OS OLHOS DO PATRÃO É QUE ENGORDAM O GADO... SERÁ?


A obra da Sesco, que duraria dois anos, teve seu prazo dilatado por mais seis meses e, já nesse finalmente, Gabriel acompanhava duas outras construções, uma agência da Caixa Econômica do Estado de São Paulo, na pequena cidade de Odorico Salgado, e outra da Sabesp, em Epaminondas de Faria. Todos os dias ficava algum período numa sala cedida para uso da Jewa, até que o Centro de Treinamento terminasse nos últimos detalhes.


Nessa época, tentou um aumento de salário e uma ajuda no combustível, mas o chefe, na ignorância, apelava e vinha um não.
Como todo profissional liberal, Costa se credenciou na prefeitura para poder fazer alguns projetos particulares, como também esteve no Fórum para se credenciar para perícias técnicas e avaliações imobiliárias. Havia feito curso específico para tal.


Notando que muito pouco ocorria, comentou com dois amigos que lhe ensinaram o caminho das pedras. Haveria a necessidade de se vincular a algum desenhista projetista da Prefeitura ou do DER e, através deles, com o devido acerto financeiro, brotariam projetos de obras residencias e comerciais. Passei então pelo período "canetinha de ouro", assinava as plantas, e assumia responsabilidades das obras por cinco anos. Isso exigia passar em cada uma delas todas semanas e não deixar que fizessem merda, mas mesmo assim ocorria. Uma lhe serviu para nunca mais assinar nada, salvo as que ele mesmo executasse.


No caso do Fórum, quando vinha algum processo, eram apenas abacaxis mal remunerados. Diante disso conversou com um advogado, Dr Tóffiló, acostumado aos meios indevidos dentro do judiciário, que orientou-lhe:


-Procura o chefe do cartório e oferece "x" por cento do valor que receberá em cada serviço executado.


Dito e feito, começou a chover todos os tipos de trabalhos. Considerando também que nessa área é usual vocábulos mirabolantes dentro dos laudos, a solução foi muito simples, acertou com um funcionário do próprio cartório, que fazia a datilografia usando a própria máquina de serviço, e desenvolvia todo blá-blá segundo os ditames da área jurídica, e Gabriel inseria suas considerações técnicas. Estando, laudo pronto, o datilógrafo ligava e Costa se deslocava até o Fórum, e no balcão da Vara o processo e assinava. O processo seguia os tortuosos caminhos internos, devidamente conduzido pelo datilógrafo que inclusive faziam a solicitação para liberação dos honorário iniciais e, no final a devida complementação.


Após o almoço, Gabriel tomava banho para tirar o suor e o cheiro de cimento e colocava roupa apropriada para os corredores dos cartórios. Tudo resolvido, voltava para casa, colocava a roupa de guerra encardida, botina e seguia seu dia no canteiro de obras.
Dessa forma, começou a ter maiores retiradas que lhe permitiram adquirir um carro novo, lógico, acompanhado de grosso carnê. Foi um Passat hatch, cor bege, da hora....


Cont.....

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