ARRANCA RABOS POR TRÁS DE CADA IMPRESSÃO



Enquanto as outras obras se desenvolviam num excelente ritmo, a da Gincal, ainda no início começava a tomar lugar, alterando a antiga paisagem de um vasto terreno antes tomado de mato. Subiria ali um amplo galpão em estrutura metálica, para abrigar a oficina gráfica com suas rotativas, off sets, guilhotinas e afins. Na fachada principal, afastado uns oito metros uma edificação assobradada, destinada ao setor administrativa tendo no térreo imenso salão com refeitório, banheiros e área de laser.


Ao lado dessa nova construção, correndo paralelamente e afastada uns cinco metros, o antigo galpão da década de cinquenta abrigava a atividade gráfica que mantinha um ritmo normal. O velho predio construído dentro dos padrões da sua época, possuía paredes bastante altas, feitas com tijolinhos de barro, na região chamados de "tijolos pó de mico", pois na lida, o pessoal se coçava todo, mas se acostumavam.


Na cobertura, telhas francesas de barro, se distribuíam devidamente intercaladas, apoiadas sobre enormes tesouras de peroba que lançavam toda aquela carga sobre os paredões. Na realidade, esse peso fazia com que essas amuradas que já desconheciam o prumo, desenvolviam fortes tendências de continuarem a se inclinar para as laterais externas. Quando chovia os funcionários agradeciam pois, as telhas ficavam mais pesadas pela absorção da água.


Um dos chefões da gráfica, homem bom, entretanto, mais rude do que os demais irmãos todos donos da empresa, era um pé de cabra que fazia acontecer. Era um bronco responsável pelo chão de fábrica.


Houveram muitos arranca rabos com ele, era o seu dia a dia dentro da fábrica e num repente começou a distribuir coices para os que trabalhavam na obra inclusive Gabriel. Vendo a montagem de um imenso tripé feito de canos para se fazer uma sondagem com o objetivo de se conhecer o subsolo, contestou a necessidade de tal, soltou farpas até para Cristo.


Dias depois ao vir o resultado descobriram que a dois metros de profundidade existia uma imensa camada de água, uma verdadeira piscina, que tomava todo o subsolo do terreno o que implicava em alterações no tipo das  fundações previstas.


No dia em que o bronco, Odair, soltara as farpas dissera ele para Gabriel:


-Esse prédio velho, no qual trabalho há trezentos anos e que vi ser construído, fizeram apenas uma simples canaleta e meteram meia dúzia de ferros. Está aí inteiro até hoje. Você aparece com essa parafernália etc e tal.


Gabriel notou pelas duras palavras, que junto vinha um veneno, beirando uma acusação de fraude. Na boa, tentava explicar, mas a estupidez humana não permitia que o sujeito compreendesse.


Por sorte, naquele momento, chegou o irmão Francisco, o deixa disso, político, educado e da paz, com o qual Gabriel se dava muito bem. Tomou para si as dores e, apesar do seu comportamento sempre pacífico, não aguentou o que o mano blasfemava. No final o próprio Costa teve de intervir, e apaziguar, pois se deixasse o pau ia pegar. Foi um puta que o pariu para lá e para cá, sendo eles, filhos da mesma mãe, dona Maria, um anjo gordo de olhos azuis.


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