Pranto sobre preto

O morto veste preto


Mulheres vertem pranto


Pranto sobre preto


Pranto sobre flores


Súbitas flores


Mudas de espanto,


Pois era um morto e tanto




Flores, frígidas flores,


Silenciosas flores tristes


De esquálidos talos pendem


De cores tão mortas de medo


Quanto o rosto branco-flácido


Quanto as trêmulas chamas


Das velas que recendem




Flores aromáticas


Inertes e práticas,


Adornam o corpo apático


Mortalmente sem mais tato


Deitado de terno e sapatos.




Prantos e frias flores cingem


Com lágrimas de adorável graça


Com pétalas de adorável imagem,


A morte, a vocação atávica


De tudo que é vivo e neste mundo passa

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